Aqui vos deixamos o que é, para nós, crescer a ler...
As histórias são mágicas e os livros são os guardiões da passagem para o mundo da fantasia. Quando abrimos um livro e decidimos realmente olhar para ele, que é como quem diz, quando nos decidimos a lê-lo, não nos limitamos a folhear um conjunto de páginas. Ler um livro é abrir uma porta, para um mundo mágico feito de cores, sensações, palavras, imagens, sentimentos, personagens, realidades e possibilidades infinitas…
Primeiro lêmo-las, a partir das vozes que mais próximas nos estão, e essa leitura é feita com todos os sentidos (como devem ser todas, aliás). Lemos a disponibilidade de colo da mãe mesmo antes de abrir o livro, ou a voz entusiasmada da avó quando a fada finalmente repõe a justiça, ou o sorriso matreiro do pai com as traquinices dos ursitos, ou ainda a leitura atrapalhada do irmão que se deita no chão e vibra com a coragem do lobo.
Depois, começamos a ser nós mesmos os detentores de tal poderoso instrumento que lemos com entusiasmo (e ainda com todos os sentidos). Aprendemos a abrir, a folhear, a cheirar, a tactear, e descobrimos um “admirável mundo novo” de cores e formas e ideias às quais juntamos as nossas e formamos verdadeiros romances ainda que apenas parlados ou incompreensíveis ao resto do mundo.
Mas há uma altura em que se torna difícil chegar a esse mundo maravilhoso. As letras acotovelam-se, as frases enrolam-se e as histórias, teimosamente, parecem perder-se, fechando essa porta para o mundo da imaginação. Esta é a altura em que, normalmente, nos acontece esquecer que elas devem ser lidas com todos os sentidos e pensamos que é somente nas palavras que está a chave para abrir a grande passagem mágica.
Há, então, que relembrar que os livros são os guadiões da passagem para o mundo da fantasia, e esse processo é tão mais natural quanto maior o for o exemplo de leitura por parte dos que mais próximos de nós estão. É que, assim como o herói passa por uma série de provas até chegar à merecida recompensa, esta vitória também necessita de algum esforço, trabalho e dedicação. E se virmos o sorriso da mãe recostada no sofá enquanto mergulha num livro enorme, ou sentirmos a vontade do pai em abrir o novo livro do seu autor preferido, ou ainda percebermos nos olhos da irmã mais velha a ternura de mais um final feliz do último livro da sua colecção… estamos a ler com todos eles o prazer que retiram desse processo complexo, que engloba todos os nossos poros e sentidos, que é a leitura.
E então, percebemos que as histórias são mágicas e os livros valem qualquer esforço inicial, pois só eles nos darão livre passagem a esse mundo de cores, sensações, palavras, imagens, sentimentos, personagens, realidades e possibilidades infinitas…
Liliana Lima
Contadora de Histórias dos CONTOS DA LUA NOVA
Até breve!
Um abraço da LUA!
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