sexta-feira, dezembro 19, 2008

A Lenda dos Quatro Cavaleiros do Lorvão na Torre do Tombo


A "Lenda dos Quatro Cavaleiros do Lorvão" é uma história escrita a quatro mãos por mim e pelo Dinis (um amigo dos Contos da LUA NOVA).
A inspiriração para este conto partiu das iluminuras do "Livro do Apocalipse do Lorvão" (manuscrito e iluminado no séc. XII) que se encontra nos Arquivos da Torre do Tombo.

A ideia de escrever uma história a partir destas iluminuras, nasceu nas Palavras Andarilhas com o desafio lançado pela Trindade Serralheiro do Serviço Educativo da Torre do Tombo, esteve em maturação algum tempo até que agora, finalmente, se concretizou na festa de Natal dos filhos dos funcionários da Torre do Tombo.

















Foi uma experiência nova. E sabem que mais?! Esta coisa de contar algo escrito por nós, por estranho que pareça, acaba por ser mais difícil do que contar as histórias dos outros.
É que na altura de nos "despirmos" da história escrita e soltarmos as palavras ditas aparece um sentimento quase de traição ao texto que criámos...
É como se a história dita ficasse sempre a dever à história escrita. E, em alguns casos, fica mesmo (noutros é o contrário). Só que quando não fomos nós a escrever, não nos apercebemos tanto desse distanciamento entre a literatura e a oralidade.
Foi um momento de aprendizagem muito importante, de crescimento como contadora, neste processo constante de aprendizagem que se consuma sempre que conto um conto (quer acrescente ou retire um ponto)...
















Apesar das inseguranças internas e da notória rouquidão, os "Cavaleiros do Lorvão" conseguiram encantar desde os mais pequenitos aos mais crescidos e as "Estrelas Sonhadoras" iluminar a imaginação de cada um.

A todos um abraço natalício da LUA NOVA e até sempre!

2 comentários:

Helena disse...

Imagino bem o que deves ter sentido, depois de teres vivido com a história para escrever, com a história escrita, com a história para reescrever...
Acho que deve ser um pouco como descrever completa e fidedignamente uma pessoa com a qual vivemos todos os dias, durante muito tempo - o que valorizamos na descrição acaba por nos parecer ficar sempre aquém do que a pessoa merece e o que omitimos parece-nos que talvez seja tão importante, que acabamos a perguntar-nos porque o teríamos omitido, auto-analisando-nos, procurando razões profundas, puxando pelo Freud que existe dentro de todas nós.
(Disse todas de propósito - os homens são espíritos muito mais práticos...)
Mas acho, tenho a certeza, de que correu bem. Afinal tu merece-lo e a história, cuja criação partilhaste, também.
Um beijo.

mtrindade disse...

Olá, Liliana
Gostei muito da maneira como introduziste a sessão conversando com os miúdos sobre a necessidade vital de bem alimentarmos a nossa imaginação...
E seguiu-se a magia do contar: Arca dos Sonhos, Serra Encantada, (a Serra de Sintra, que vejo todos os dias, agora tem um novo encanto !!!), Dragão da Mar, Estrelas Sonhadoras de Portugal, e outras palavras/ideias chave que tu e o Dinis fizeram sair das iluminuras do Apocalipse do Lorvão, trazendo à luz do dia uma nova lenda...Parabéns!

O ambiente tão especial das Palavras Andarilhas, ao conhecer-te a ti, à Vanda Marques e à Fernanda Frazão, entre muitas outras pessoas que revi, ajudou-me a sentir que a Torre do Tombo pode continuar a ser uma ARCA de histórias para conhecer e re (inventar)...

Não se inspirou o nosso grande poeta, historiador e arquivista Alexandre Herculano numa narrativa do séc. XIII, extraída do IV Livro de Linhagens do Conde D. Pedro (filho bastardo do rei D. Dinis), para escrever uma versão romanceada da "Lenda da Dama de Pé de Cabra"?



Para os contadores "Lua Nova" uma Ano Novo cheio de inspiração novos e velhos contos, nessa arte tão antiga e generosa que é a vossa!

Um grande abraço



Mª. Trindade